Há um curioso texto na Bíblia, de uma miríade de outros, que pontua o seguinte:

“E as vacas magras e ruins comiam as primeiras sete gordas; e, depois de as terem engolido, não davam aparência de as terem devorado, pois o seu aspecto continuava ruim como no princípio. Então, acordei”. Gn. 41:20-21.

Essa é uma das únicas vezes em que a palavra ” ra’ ” aparece. Significa “ruim”, “mau”, física ou moralmente. Quantas pessoas são como as vacas ruins: veja, no sonho de José, aquelas vacas representam o que devoraria a bonança, a fartura e a prosperidade dos 7 anos de bonança, que, no sonho, são representadas por 7 vacas gordas. Estas são devoradas por 7 vacas magras, “ruins”. Muito mais do que simples “anos ruins”, essa revelação, por seu aspecto também moral, pode ser aplicado um princípio: o de que, muitas vezes, nossas próprias almas podem vir a se tornar precisamente como essas vacas magras. O “canibalismo” é a sua marca registrada! Na verdade, elas não são movidas apenas pela fome, mas pela maldição que as impele a destruírem o bem, o formoso, o produtivo, o justo, ou seja, tudo o que elas não eram e jamais seriam.

A apropriação da imagem das “7 vacas magras” não é indébita. A possibilidade de uma comparação com o que a Bíblia diz sobre a nossa própria moral, o nosso ser, é manifesto, em muitos lugares na Bíblia, como a alma de alguém que pode ser “bom”, “justo” ou “mau”, “injusto”. Os livros de “sabedoria” contêm inúmeros exemplos. Quem “arde, em sua alma, para ver o justo destruído”? Quem tem “os pés apressados para o mal”? Quem “semeia contenda entre os irmãos”? Quem é “corroído pela inveja”? Quem “não suporta ver o justo honrado”? A resposta é, segundo a palavra usada em Gênesis, aquele(a) que possui uma alma idêntica às daquelas vacas: uma alma “ruim”.

Reflita, amigo(a) e mude. Não há desonra alguma no reconhecimento das próprias misérias. Muito pelo contrário!

– Artur Eduardo, diretor-presidente do IALTH.

×